FOTÓGRAFO
"Comecei a gostar de ônibus devido ao meu pai, que veio de Jaguaribe pra Fortaleza procurar emprego e acabou se empregando na Auto Viação Fortaleza, onde passou 22 anos trabalhando como motorista.
Com isso, meu pai sempre levava eu e meu irmão na garagem da empresa para buscar a cesta básica que ele tinha direito todos os meses e, de lá, ele levava a gente pra passear de ônibus. Lembro que pegávamos a linha Conjunto Ceará/Papicu, que na época a empresa CTC colocava os “sanfonados” para rodar nessa linha. E foi daí que eu comecei a admirar ônibus, porque aquilo era novidade para mim, um ônibus com uma sanfona no meio. Era emocionante.
Quando meu pai me levava na garagem da empresa era onde eu percebia que estava apaixonado por ônibus. Na época, cada empresa tinha uma cor própria para seus ônibus, e a Fortaleza era a mais linda de todas.
Na adolescência, conheci um amigo que compartilhava do mesmo gosto meu, e daí nos reuníamos para falar sobre ônibus, e ele me falou que fazia parte de um grupo de busólogos e que iria me apresentar a eles. Foi daí que conheci o MOB Ceará, da qual faço parte até hoje. Como eu não tinha muito conhecimento técnico sobre chassi, carroceria e outros quesitos, me aproximei do administrador do grupo, Narcisio Santos, que me ensinou tudo. Com isso aumentei meus conhecimentos no mundo da busologia, e hoje me considero um busólogo. "
"Fui atrás de pesquisar sobre as características de cada tipo de ônibus, e fui alimentando um sonho de trabalhar em uma empresa de ônibus. Mas meu pai não queria, então fui trabalhar como açougueiro, porém, nunca desisti do meu sonho. Queria trabalhar nem que fosse para lavar os ônibus na garagem, e foi isso que aconteceu.
Sai do açougue e, um mês depois, a São José Transportes Urbanos me chamou para fazer uma entrevista para o cargo de lavador de ônibus no período noturno. Fiz todos os processos e consegui realizar meu sonho. Tão provado isso, que tudo que eu faço na empresa é com muito amor e dedicação. As pessoas me chamam de doido, que eu sou louco por ônibus e tudo mais, mas não ligo. Hoje em dia já respeitam mais, mas antigamente sofria esse bullying.
Na verdade, eu queria ser motorista de ônibus assim como meu pai, porém tive paralisia infantil e perdi parte da minha visão, com isso, não posso adquirir categoria D, apenas a B, que é para carro de passeio. Mas nem por isso deixei de trabalhar com aquilo que amo."
"Como eu já era conhecido como doido, e nada que fizesse iria mudar o pensamento das pessoas sobre mim, continuei fazendo aquilo que amava. Foi daí que tive a ideia de começar a fotografar ônibus. Nos dias de folga, eu saia pelas ruas procurando os modelos que eu considerava mais interessantes, principalmente os mais antigos, a qual tenho uma grande paixão. E fui fotografando, desde então sou conhecido como o fotógrafo da busologia.
Com o aperfeiçoamento técnico que adquiri através do MOB Ceará, consigo através do olhar identificar chassis, carrocerias, motores e tudo que compõe um ônibus. Esse conhecimento me ajudou na empresa que trabalho, que muitas vezes ao adquirirem um ônibus novo, perguntam minha opinião sobre as características e tudo mais. Hoje em dia trabalho como lavador e manobrista na garagem da São José, e sou muito feliz sendo busólogo. "
